Crédito Pessoal aquece economia
Diego Luduvice.
25-09-2006.
O volume da oferta de crédito pessoal no Brasil aumentou significativamente nos últimos anos. Dados do Banco Central mostram um crescimento de 33,4% no crédito disponibilizado para pessoas físicas até março em relação ao ano passado. Umas das justificativas para este aumento é viabilização do crédito consignado em folha de pagamento, que possui taxas de juros mais convidativas. Outra ressalva é o constante estímulo do governo para o micro-crédito com a intenção de desenvolvimento econômico através do consumo de bens e serviços.
A maior parte dos créditos disponibilizados no Brasil são indiretos, ou seja, aqueles que se fazem nos próprios estabelecimentos do varejo à longo prazo e em prestações menores. Este fato serviu como alicerce do crescimento econômico no ano de 2005 e alavancou as vendas no varejo, que tiveram crescimento real de 12,6% em realção à julho de 2004. Para se ter noção, segundo dados do Instituto de Desenvolvimento do Varejo (IDV), o volume de crédito chegou a R$ 533,4 bilhões em julho de 2005 (28,2% do Produto Interno Bruto - PIB), ao contrario dos 25,3% apresentado em julho de 2004.
No Relatório da Estabilidade Financeira Global apresentado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) no dia 12 de setembro em Cingapura, revelou que o desenvolvimento do crédito pessoal é uma realidade mundial, ao contrário do que afirma o governo restringindo este recurso somente ao Brasil. A taxa representativa da utilização do crédito pessoal para o PIB em outros países é maior do que a do Brasil. Nos Estados Unidos, por exemplo, o percentual chega a 90%.
As taxas de juros aplicadas tiveram uma queda de 0,2 pontos percentuais em 2005 em relação ao ano anterior, o que auxilia ainda mais a ascensão do consumo. No entanto, assim como o volume de crédito tem um aumento contínuo, a inadimplência acompanha o ritmo com um pequeno crescimento de 0,1 p.p de 2004 para 2005.
Neste contexto há uma disparidade evidente. As vendas no varejo aumentam com as diversas ofertas de crédito pessoal somando ao crescimento econômico brasileiro, mas a taxa de inadimplentes segue o compasso. O que fazer então? Crescer economicamente, porém criando uma parcela maior de devedores? Esta conjuntura não abre espaço para o crescimento sustentável, o que não é positivo para um país que busca uma ascensão econômica.
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