PRODUÇÃO DE AÇAÍ NÃO ACOMPANHA DEMANDA DO MERCADO
Por: Diego Luduvice.
04/10/2006
A filosofia do culto ao corpo é uma realidade presente na sociedade contemporânea. A influência das mídias e das propagandas é um dos motivos para esta vertente. Na mesma direção despertou-se o interesse dos jovens por academias e por uma vida mais saudável. Mas um estilo de vida correto em relação à saúde depende de uma alimentação adequada com frutas, verduras e vitaminas. Neste contexto estão inseridos os estabelecimentos que vendem sucos a base de açaí, um setor em constante crescimento na cidade de Salvador.
Vários estabelecimentos que vendem açaí e seus derivados surgiram em Salvador nos últimos anos. Todo e qualquer bairro da cidade tem no mínimo um ponto de venda de sucos de açaí. Os dados não mentem: o crescimento real anualmente é de 30% para o mercado de açaí segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) da Amazônia Oriental.
Conseqüentemente, a produção e colheita desta fruta tipicamente da região amazônica elevam-se em média 5% a cada ano. Para se ter idéia, um estudo feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelou que a produção florestal no Brasil rendeu R$ 8,5 bilhões em 2004, sendo 38% referentes a produtos coletados em vegetação nativa espontânea, onde o açaí teve um aumento de 12% em relação a 2003.
A orla de Salvador é o local de maior ascensão da comercialização dos sucos de açaí. Um exemplo que justifica o acontecimento é a história de José Vitorino, dono de uma rede de estabelecimentos denominada “Ácidos Naturais” localizados nos bairros do Imbuí e da Pituba. “No início vendia o suco e sanduíches pelas praias da cidade com minha esposa Gabriela”, conta Vitorino. Logo expandiu seu empreendimento e hoje disponibiliza de dois pontos de comercialização.
Segundo uma das funcionarias e cunhada do dono da Ácidos Naturais do Imbuí, Andréa Borges, “os jovens são os maiores consumidores dos produtos, principalmente aqueles que praticam esportes ou freqüentam academias”. O público apesar de bem variado é marcado pela presença massiva de adolescentes e esportistas, que são os responsáveis pela demanda dos estabelecimentos onde o carro chefe é o açaí.
Os preços variam nos diversos estabelecimentos. A mistura mais pedida é o açaí com banana, granola e guaraná em pó, que custa na Ácidos Naturais R$4,50. Já o açaí com morango, cupuaçu ou maçã com granola custa R$5,50 no mesmo local. Em contrapartida, locais como Coliseu do açaí situado próximo ao Largo de Roma a combinação do açaí com banana custa R$3,50 e no Mirante do Açaí no bairro do Garcia R$4,00 a mesma mistura.
Outra razão apontada para o crescimento da comercialização de sucos de açaí é o valor agregado ao produto. “Não vendemos apenas açaí, mas também sanduíches, sucos diversos, produtos naturais, artigos esportivos, camisetas, acessórios de surf e outros”, revela Janderson Melo, atendente de caixa da Ácidos Naturais. Em alguns casos é fornecida toda uma estrutura física para propiciar um maior conforto para os clientes. Computadores com acesso à internet e salas de reuniões servem como exemplo da sofisticação deste ramo de atividade que movimenta cada vez mais a economia dos bairros onde estão inseridos.
Entretanto, o crescimento da produção de açaí (5% ao ano) não acompanha o crescimento do mercado (30% ao ano), gerando uma alta de preços que é sentida primordialmente pela população de menor poder aquisitivo que utiliza o açaí como fonte de alimento, ao contrário de classes mais favorecidas que consumem o produto eventualmente. Esta disparidade pode atrapalhar o desenvolvimento deste ramo, por isso são necessárias medidas preventivas para a equiparação do que é produzido com a demanda do mercado.
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